domingo, 10 de fevereiro de 2013

CAVERNA


Aí então... me vejo dentro da caverna.

Não estou triste, não estou angustiada, não estou prisioneira. Sou apenas um avião pousado longe do seu destino.

O calendário desgovernado me traz lembranças saborosas, E vou mastigando alegrias coloridas,
saboreando gargalhadas, acariciando olhares, beijando essa magia.

Porém, desastrado calendário que é, me traz lembranças não tão boas assim. Meu corpo se resfria e escorre mágoas antes adormecidas e meus olhos transbordam alívio do que já passou.

É bizarro, mas não estou só; estou acompanhada de muitos eus, os que fui, os que sou e os eus dos outros que estão guardados em mim. Os sons ecoam nas paredes, vozes, músicas e cores bailam sem estardalhaço. São pensamentos, sentimentos e semblantes, alguns já vencidos em suas validades.

Aproveito para avaliar alguns segredos colecionados. Quanto spray desperdiçado para dourar bobagens que o túmulo guardará!

Olho ao redor e presto atenção ao que meu corpo fala, e ao que meus ouvidos entendem. Faço uma tomografia dos meus sentidos. A vida que me leva não é assustadora, mas também não é confiável; às vezes chego mareada devido às turbulências.

Estou dentro da caverna.  Sós, estou dentro de mim. Analítica e sintética.

Que olhos poderosos irão me decifrar?  Qual o preço do resgate a pagar?




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