Aí
então... me vejo dentro da caverna.
Não
estou triste, não estou angustiada, não estou prisioneira. Sou apenas um
avião pousado longe do seu destino.
O
calendário desgovernado me traz lembranças saborosas, E vou mastigando
alegrias coloridas,
saboreando
gargalhadas, acariciando olhares, beijando essa magia.
Porém,
desastrado calendário que é, me traz lembranças não tão boas assim. Meu
corpo se resfria e escorre mágoas antes adormecidas e meus olhos transbordam
alívio do que já passou.
É
bizarro, mas não estou só; estou acompanhada de muitos eus, os que fui, os que
sou e os eus dos outros que estão guardados em mim. Os sons ecoam nas
paredes, vozes, músicas e cores bailam sem estardalhaço. São pensamentos,
sentimentos e semblantes, alguns já vencidos em suas validades.
Aproveito
para avaliar alguns segredos colecionados. Quanto spray desperdiçado para
dourar bobagens que o túmulo guardará!
Olho
ao redor e presto atenção ao que meu corpo fala, e ao que meus ouvidos
entendem. Faço uma tomografia dos meus sentidos. A vida que me leva não é
assustadora, mas também não é confiável; às vezes chego mareada devido às
turbulências.
Estou
dentro da caverna. Sós, estou dentro de mim. Analítica e sintética.
Que
olhos poderosos irão me decifrar? Qual o preço do resgate a pagar?
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